Fotos

Agenda

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sacramento



de Rubem Alves
Tenho, no meu jardim, um pé de rosmaninho. Ele é, em tudo, igual a todo os outros pés de rosmaninho que há por este mundo. Aquele cheirinho gostoso, quando a gente esbarra nas folhas; brancas, com uma gota de rosa, milhares de florinhas, quando chega o tempo; e as abelhas sem conta que ajuntam e zumbem. Gosto de me deitar na rede, perto dele, quando as noites são frescas e há aquela brisa… Às vezes descubro que estou conversando com ele e já cheguei mesmo a agradar as suas folhas, como se ele sentisse. Nunca se sabe ao certo…
Igual a todos os demais exceto uma coisa. Foi meu pai que me deu a mudinha, galho lascado, faz tempo. Meu pai morreu. O rosmaninho guardou o seu gesto. Como se, do arbusto, saíssem fios de memória que ligam a alguém que já não está mais presente. Fios, claro, que ninguém vê. Só eu. Ou aquele a quem eu quiser revelar este segredo. O espaço em torno daquele rosmaninho é mágico - para mim, que vejo os fios. Os amigos, que não sabem o segredo, sentem o perfume, vêem o verde… Se eu lhes perguntar sobre o arbusto me dirão que o estão vendo. Sua fala me repetirá sobre aquela presença silenciosa e fiel: o pé de rosmaninho. Mas não sairá daí. A boca está prisioneira dos olhos. Pregada no chão. Faltam-lhe as palavras que lhe permitiriam voar… Somente eu, a partir do rosmaninho, poderei falar de uma ausência: alguém que não está ali, que já esteve… E da planta pulo para um rosto; e me lembro de risos, alegrias, tristezas… É por isto que o espaço em torno do rosmaninho é mágico. A memória faz a imaginação voar, e ela enche o ar com coisas humanas, que têm a ver com a amizade e a lealdade dos muitos anos vividos juntos.
Coisa bonita esta: que haja coisas que são mais que coisas; coisas que nos fazem lembrar… A flor seca dentro do livro. Às vezes, um perfume que a gente sente, andando na rua. E, lá no fundo, vem a estranha sensação de estarmos ligados, por aquele perfume, a alguém, a algum lugar, longe, no passado. O repicar de um sino, que me leva para mundos onde nunca estive. O cantar de um galo, que nos vem de espaços que não mais existem. Ou um brinquedo, uma boneca velha, esquecida. Uma comida, com gosto de saudade. Coisas presentes, que nos abrem o mundo das ausências… Saudade não será isto? Sentir que algo está faltando, alguém, que o coração deseja, está longe… Mas não basta a ausência. Há muitas coisas que se perderam e ficaram para trás, das quais não sentimos saudade. É que a gente não amava. A saudade nasce quando existe amor e ausência…
Quando as coisas despertam saudades e fazem brotar, no coração, a memória do amor e o desejo da volta, dizemos que são sacramentos. Sacramento é isto: sinal visível de uma ausência, símbolo que nos faz pensar em retorno. Como aconteceu com Jesus que, logo antes da partida, realizou um memorial de saudade e espera. Juntou seus amigos, seguidores, partiu o pão e lhes deu de comer, tomou o vinho e com eles bebeu dizendo que, depois daquilo viria a separação e a saudade. Eles seriam como uma noiva de quem o noivo é roubado… Tempo de lagrimas, de espera… E, por onde quer que fossem, encontrariam os sinais de uma Ausência imensa… E o coração ficaria inquieto, sem descanso… E cada palavra sua se transformaria numa oração, porque oração é a palavra balbuciada com desejo…
O segredo do pé de rosmaninho é só meu. As lembranças e as saudades que ele desperta são só minhas. De modo que, junto dele, existe sempre uma triste sensação de solidão.
Diferente com o pão e o vinho. Ninguém ceia sozinho. Há um partir, um distribuir, mãos se tocam, olhares que se encontram. E, em tudo isto, sensação, como se fosse a de uma conspiração. Conspiração, palavra bonita de origens esquecidas. Conspirar, com-inspirar, respirar com alguém, junto. Conspiradores: respiram o mesmo ar. Jesus e os discípulos, comendo e bebendo o vinho, respiravam o mesmo ar: corpos ali, colados uns nos outros: e também o desejo e o amor - principalmente o seu desejo e o seu amor. Come-se a ceia, surge a mágica, os fios invisíveis da saudade e da espera são lançados e, a partir dali, dão-se as mãos os homens e mulheres que têm, nos olhos, aquela marca triste-alegre da saudade e da esperança. Como deve ser com qualquer que ame e esteja longe e nada tenha nas mãos, a não ser a flor seca, o poema, as memórias, uma palavra… É assim a comunidade cristã, esta coisa que se chama igreja: juntos, conspirando, mãos dadas, comendo o pão, bebem o vinho, e sentem uma saudade/esperança sem fim…

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Salmo 103


Boa tarde queridos amigos,

Esse salmo é para aqueles momentos na vida em que nos queixamos e esquecemos as bênçãos de Deus nas nossas vidas.

Salmo 103

1.

De David. Bendiz a Javé, ó minha alma, e todo o meu ser ao seu Nome santo!

2.

Bendiz a Javé, ó minha alma, e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

3.

Ele perdoa todas as tuas culpas, e cura todos os teus males.

4.

Ele livra da cova a tua vida, e coroa-a de amor e compaixão.

5.

Ele sacia os teus anos de bens e a tua juventude renova-se, como a da águia.

6.

Javé faz justiça e defende todos os oprimidos.

7.

Revelou os seus caminhos a Moisés, e as suas façanhas aos filhos de Israel.

8.

Javé é compaixão e piedade, lento para a cólera e cheio de amor.

9.

Ele não vai disputar perpetuamente, e o seu rancor não dura para sempre.

10.

Nunca nos trata conforme os nossos erros, nem nos castiga segundo as nossas culpas.

11.

Como o Céu se ergue por sobre a Terra, o seu amor se ergue sobre aqueles que O temem.

12.

Como o Oriente está longe do Ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões.

13.

Como um pai é compassivo com os seus filhos, Javé é compassivo com aqueles que O temem:

14.

Porque Ele conhece a nossa estrutura, Ele lembra-Se do pó que nós somos.

15.

Os dias do homem são como a relva, ele floresce como a flor do campo.

16.

Passa por ele um vento, e já não existe, e ninguém mais reconhece o seu lugar.

17.

Mas o amor de Javé existe desde sempre, e para sempre existirá para aqueles que O temem. A sua justiça é para os filhos dos filhos,

18.

para os que observam a sua aliança e se lembram de cumprir as suas ordens.

19.

Javé pôs no Céu o seu trono, e a sua realeza governa o Universo.

20.

Bendizei a Javé, todos os seus anjos, executores poderosos das suas ordens, obedientes ao som da sua palavra.

21.

Bendizei a Javé, todos os seus exércitos, ministros que cumprem a sua vontade.

22.

Bendizei a Javé, todas as suas obras, em todos os lugares, onde Ele governa. Bendiz a Javé, ó minha alma!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tênis x Frescobol

de Rubem Alves

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.'

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo, eu te amo...' Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada.' É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma.'

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá... Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário, pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:

'Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: 'Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: 'Tens razão, minha querida'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.'

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
(O retorno e terno, p. 51.) 

domingo, 24 de outubro de 2010

Missões Populares


Hoje participamos das missões populares com um mutirão de evangelização nos arredores da comunidade São José.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dica de Leitura

Revista Você S/A mês de outubro/2010.
Matéria: Até que o dinheiro os separe.
Sueli

Eventos para os meses de outubro, novembro e dezembro:

30/10/2010 - REUNIÃO na casa do Valdir e da Jacinta;

20/11/2010 - REUNIÃO na casa do Josias e da Rose
Troca de coordenação do grupo. Sorteio do amigo oculto.

12/12/2010 - CONFRATERNIZAÇÃO DO GRUPO
Revelação do amigo oculto.

15/01/2011 - RETORNO DAS ATIVIDADES na casa do José Carlos e da Sueli.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Oração dos Casais

Senhor, nosso Deus, fonte de vida e de toda graça. Para realizar o Vosso plano de amor, fizestes o homem e a mulher e confiastes ao primeiro casal o domínio do Universo: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei toda a terra e submetei-a." (Gen 1,28)
Olhai com bondade para nós, casais, que participamos de Vossa contínua presença criadora.
Que em nossos lares, Senhor, haja amor, diálogo, perdão e paz.
Que amemos nossos filhos para que eles possam nos honrar.
Que nossa família seja solidária com os doentes, os excluídos e testemunha para aquelas pessoas que estão distantes da fé.
Que Maria, Rainha dos Apóstolos, com sua ternura de Mãe, nos acompanhe e nos ajude a renovar diariamente os laços de amor, de confiança e de fé.
Por intercessão da Sagrada Família, Vos pedimos Senhor, abençoe nossas famílias e nossos casais. Amém!
Fonte: site Santuário da Vida

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Missões

Amigos,
No dia 24/10, às 7h, vamos participar de uma missão de evangelização na comunidade São José. Vamos levar a palavra de Deus aos lares daquela região. Não se esqueçam!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Passagens Bíblicas sobre o casamento


Amigos, compartilho com vocês alguns trechos da Palavra de Nosso Senhor sobre o casamento.

Gênesis, 2
19. Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome.  
20. O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada.  
21. Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar.  
22. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem.  
23. “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.”  
24. Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.  
25. O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam. 
I Coríntios, 7
1. Agora, a respeito das coisas que me escrevestes. Penso que seria bom ao homem não tocar mulher alguma.  
2. Todavia, considerando o perigo da incontinência, cada um tenha sua mulher, e cada mulher tenha seu marido.  
3. O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido.  
4. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa.  
5. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por vossa incontinência.  
6. Isto digo como concessão, não como ordem.  
7. Pois quereria que todos fossem como eu; mas cada um tem de Deus um dom particular: uns este, outros aquele.  
8. Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu.  
9. Mas, se não podem guardar a continência, casem-se. É melhor casar do que abrasar-se.  
10. Aos casados mando (não eu, mas o Senhor) que a mulher não se separe do marido.
11. E, se ela estiver separada, que fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu marido. Igualmente, o marido não repudie sua mulher.

Abaixo algumas palavras do livro de Provérbios sobre o assunto:

(Provérbios 11,22) - Um anel de ouro no focinho de um porco: tal é a mulher formosa e insensata.
 (Provérbios 12,4) - Uma mulher virtuosa é a coroa de seu marido, mas a insolente é como a cárie nos seus ossos.
(Provérbios 18,22) - Aquele que acha uma mulher, acha a felicidade: é um dom recebido do Senhor.
(Provérbios 19,13) - Um filho insensato é a desgraça de seu pai; a mulher intrigante é uma goteira inesgotável.
(Provérbios 19,14) - Casas e bens são a herança dos pais, mas uma mulher sensata é um dom do Senhor.
 (Provérbios 21,19) - Melhor é habitar no deserto do que com uma mulher impertinente e intrigante.
(Provérbios 27,15) - Goteira que cai de contínuo em dia de chuva e mulher litigiosa, tudo é a mesma coisa.
(Provérbios 30,20) - Tal é o procedimento da mulher adúltera: come, depois limpa a boca, dizendo: Não fiz mal algum.
(Provérbios 31,10) - Uma mulher virtuosa, quem pode encontrá-la? Superior ao das pérolas é o seu valor.

Próxima Reunião

A próxima reunião de nosso grupo ocorre no dia 16, na casa do Wellington e da Eliane.
Abraços. Até lá.

Leituras diárias